100 Sentidos

José Luís Tavares da Cruz

José Luís Tavares da Cruz

Eu conhecia-a de ouvir falar e sem perceber troquei-lhe o nome, ninguém, chamei-lhe. Não podia ser, e não era de facto…

“Mais tarde na escola os educadores disseram à mãe, “sem ver nem ouvir a menina não vai poder ler nem escrever”, “dificilmente vai falar e ouvir só o básico”. Mas os três sentidos da menina, só são três às vezes, e isso, ninguém sabia.”

“- Catherine, tu vês?

- Mal, eu já te disse que sou um bocadinho como tu, não vejo lá muito bem.

- Mas eu vejo!?

- Tu és um bocadinho como eu, vês, mas só um bocadinho.

- Ah! Pois é! Nós vemos, mas só um bocadinho!

- A tua mãe e a tua mana veem bem, mas nós vemos só um bocadinho.

- Vês só um bocadinho como eu?

- Vejo só mais um bocadinho do que tu, quase como tu.”

“Às vezes apetecia-me dizer-lhe um segredo, “Sabes Catherine eu não vejo nada”… Mas também acho que não estaria a ser inteiramente verdadeira, ainda bem que não lhe disse.”

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