– E que tal saciares esse desejo de vingança, assim…, de uma forma mais física? Não à batatada, claro, mas assim…, enrolados, enguedelhados, a ver quem leva a melhor. Podemos, até, tirar a roupa, para não a estragar. Nós prometemos não abusar muito da força. – Avançou o Moita, a lançar dissimuladamente, o barro à parede, para lhes auscultar a reação.
– Isso querias tu, meu menino! Mas vocês ainda não se portaram suficientemente mal, ao ponto de poderem experimentar a nossa verdadeira ira. – Respondeu-lhe a Vera, com uma expressão de quem lhe entendeu bem, o alcance das palavras.
“Estamos no bom caminho”, pensou o Moita ao ouvi-la. Era só uma questão de tempo. Precisavam talvez de um ambiente mais propício à conversa a dois para consolidar posições. Ele, mais ou menos, já tinha tratado disso durante o jantar. Tinha escolhido a Ana, por sentir que era a mais inclinada para si e gostava do jeito da miúda, talvez a mais brincalhona de todas. A Marta era também um bom pedaço e bastante espirituosa, mas ele já vinha desde a praia, a marcar o território da Ana. Com o Vicente, de fora, o jogo dava para os três, mas a Patrícia tinha-se-lhe ligado bastante e isso parecia complicar-lhes a contabilidade. “O Canada e o Tininho que se fodam…, que se entendam os dois…”, terá o Moita pensado. Nessa altura, a Marta era uma incógnita e ele nunca gostou de jogar no escuro.
A Vera parecia mais inclinada para o Canada. Era uma miúda sóbria, talvez, a “mamã” do grupo. Muito espirituosa também, mas madura, e isso parecia agradar bastante ao Canada, que também não disfarçava a tendência, embora bastante mais discreto que o Moita. O Tininho tinha entrado muito bem com a Marta. Aquela pressa em se apresentar tinha resultado bem… É claro que com uma grande dose de sorte à mistura, mas ele sabia que tinha que fazer pela vida. Sabia que, disputar com o Canada, uma miúda com a personalidade da Vera, era perda de tempo… Ela assentava melhor no perfil do amigo. Apercebia-se também, e desde muito cedo, das mijadelas do Moita, à volta da Ana. E a Patrícia, apesar de ser conhecedora da paixão do Vicente, parecia ter-se-lhe afeiçoado.
