Cada dia mais assustada, Binta tinha um desejo imenso de fugir para longe, para onde não houvesse guerra...
Veio-lhe à memória o tio-avô que tinha em Bissau. Um tal régulo o “romeiro” a Meca. Embora não soubesse o caminho, era esperta e sabia falar português. Graças ao bisavô e ao avô materno todos os membros do seu clã tinham sido alfabetizados. Vencendo a hostilidade permanente das populações indígenas, o seu bisavô soube introduzir naquele povo nativo, de diferentes etnias, a sua língua respeitando-lhes crenças e cultura...
Chovia torrencialmente. Caças-bombardeiros rasgavam os céus e granadas de morteiro caíam à sua volta...
Um homem branco com o rosto desfigurado e o corpo trucidado, agonizava. Com a ponta do pano que trazia à cintura, Binta, limpou-lhe o sangue que lhe escorria pelo rosto. Depois pôs-se a abrir poças na terra enlameada. Quando se voltou ainda lhe ouviu o último suspiro...