Como os Pássaros que Migram

José Manuel Pyrrait

José Manuel Pyrrait

Debaixo dos pés descalços a areia chiava a cada passo que dava. Esse ruído marcava a cadência do andar, pois absorto nos meus pensamentos já deixara de ouvir o mar e os gritos dispersos das gaivotas à beira-mar.

Pensava no que a minha mãe me revelara, no que ela achava eu dever fazer e me pedia mesmo que fizesse. Mas não ia atender o seu pedido, não ia deixar que uma coincidência infeliz ou triste ou simplesmente acaso, nem sabia como classificá-la, se intrometesse entre mim e a mulher que amava.

No fim de contas, tal como ela própria tinha afirmado: - o teu caso com essa rapariga, meu querido Tomás, é mais um entre os vários casos bizarros, esquisitos, bem diferentes do habitual, acontecidos com os descendentes do teu trisavô canadiano.

Na história recente da família, a inesperada revelação, envolvendo-nos aos dois, nem destoava muito e talvez não fosse mais do que a continuação da cadeia de curiosas e estranhas histórias de amor, vivendo de coincidências improváveis e onde esse sentimento aparecera de maneiras pouco comuns, em circunstâncias invulgares e fruto de acasos bem singulares. E sempre desencadeando sentimentos profundos e duradouros, verdadeiras paixões que fugiam à regra geral, não pela forma intensa como se manifestavam, mas porque não eram fugazes, porque permaneciam pelo resto das suas vidas.

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