Menina e Moça Minhota

Marco L. C. Ribas

Marco L. C. Ribas

“De volta ao presente momento, Martim olhava, calmo, para o mar em busca de algo que ele não pretendia encontrar. Apenas divagando, como se estivesse a boiar sozinho no meio do oceano, recordava-se do pêssego que, poisado em cima da mesa de madeira do restaurante minhoto, o trouxera de volta àquele lugar. Ainda de reflexão presente no olhar, despe grande parte da roupa que trazia vestida e depois de uma breve corrida, mergulha no tão desejado sossego refrescante, repleto de sal e algas. Atirava-se às ondas que eram de pequena dimensão e de movimentos fáceis fazia-se deslizar à mercê da ondulação que o integravam na sua existência.

O seu corpo finalmente perdia o peso citadino dos gabinetes vianenses, fazendo-se derivar como um barco de rio depois de passar a barra marítima repleta de atribuladas paredes de água. Agora, passada a febre imposta pelos sucessivos mergulhos por baixo das ondas salgadas, Martim voltava a ser uma criança que adormecia numa cama lavada depois de tomar um banho quente, calmo como a corrente que o embalava.”

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