O mundo é feito de ideias, factos, almas das coisas, coisas das almas, e tantas realidades, fictas como a matéria, e tão reais como a utopia ou o sonho, sem importar por que veredas caminha, em que asas viaja, com que marés se debate, em que névoas se espuma, e em que sombras se esconde; e se os valores propalados, não são mais do que conceitos em confinidade, fungibilidade ou desagregação, substitutivos de novas figurações, que evidentemente nunca serão melhores que os originários, especialmente quando comprometidos e condicionados, é porque, regra geral, a criatura fica sempre a dever qualquer coisa ao criador.
Unívoco que o contraditório não existe, ou fulge em ínfima expressão nas sociedades massificadas em que impera uma voz, um comando, a razão da força ou a força da razão, que geram o silêncio e a obediência servil e subjugada, num xadrez em que o cidadão é um peão que não pode vencer, não desdita, não fala, e quando lhe é permitida pronúncia, no seu caminho um sinaleiro omnipresente orienta o trânsito da sua consciência, e rememora que só lhe é permitido repetir as ideias propagadas pelos mensageiros ou pelo poder.
Mas atenção: poesia não é um monte de palavras que rimam. Pode ser o teu olhar!