"Às vezes, sentia saudades de abraçar uma criança. Uma qualquer. Não teve contato com o pai. Era um advogado de sucesso que não tinha tempo para brincar com os filhos. Se tivesse a oportunidade de ser pai, iria dedicar todo seu tempo aos filhos.
Quando era jovem, ficava admirado ao ver um pai, brincando com os filhos, dando as mãos. Quando saía do trabalho, passava sempre frente a uma escola e ficava a observar os pais à espera dos filhos. O seu pai nunca o fez. A mãe sim. Essa, era amável e tentava suprir a falta que o pai fazia, dando toda atenção possível às crianças.
Até aos vinte anos, tinha sentido muita revolta, pelo fato do pai não lhe ter dado a devida atenção que, aliás, todas as crianças precisam.
O seu pai nunca esteve presente naqueles momentos em que precisava de uma palavra amiga. Tinha perdido a conta à quantidade de vezes que deu por si sozinho, a chorar à noite.
Com o passar do tempo, a raiva que tinha do pai foi desaparecendo. Porém, nunca perdoara o facto de o pai nunca estar por perto quando precisava de uma palavra de conforto.
Por ter de fazer tudo sozinho, tornou-se uma pessoa mais forte. Desde sempre, resolvia os seus problemas sozinho.
Hoje, não culpa o pai, que, por algum motivo, considerava, provavelmente, que estava a fazer a coisa certa.
Os pais acham sempre que fazem a coisa certa."