A Serra da Estrela é magnífica. A sua imponência fascina todos. Muitos pensam na estrela de Belém quando a olham, e pressentem nela como que um caminho para qualquer coisa maior.
Para quem vive nas aldeias que escorrem por ela abaixo ou que se agarram às encostas adjacentes, a vida é dura. As gentes de fé inabalável vivem do pouco que arrancam à terra, e os ventos ásperos e gelados do inverno nuncam lhes dão tréguas. As famílias mais pobre passam frio e fome. Mesmo no Natal.
Mas este Natal vai ser diferente. O Pedro, o Tiago e a Maria são meninos e é com meninos que o verdadeiro Natal acontece. Neles vive um fogo de esperança que ilumina os vãos sombrios daqueles com quem se cruzam. É nesse espírito de fraternidade que resgatarão da frieza da noite um pai quase perdido e um louco chamado Jacinto.
Um conto de amor à terra fecunda e às pessoas vestidas de Beira Alta e que nos lembra que em cada Natal deveriam nascer de novo os homens de boa vontade acreditando, como Reinaldo Ferreira, que “A verdade é Belém”. Talvez assim seja “Natal, e não Dezembro” (David Mourão-Ferreira).
José Carlos Soares