Os tempos eram de mudança. Salazar tinha caído da cadeira e o seu sucessor, Marcelo Caetano, entalado entre os ultras do regime e os elementos mais liberais, experimentava uma tímida abertura; em Coimbra deflagrara a crise académica que transformara a urbe numa cidade ocupada por todo o tipo de forças policiais; na Guiné, onde a situação militar era desesperada, António de Spínola retirava as tropas portuguesas de locais indefensáveis, enquanto aspirava por uma solução política que lhe era negada.Carlos pensava que aquela guerra durava há muito tempo… há demasiado tempo. O solo africano, já de si vermelho, talvez estivesse tingido de um vermelho mais vivo do sangue dos que ali morreram, de um lado e do outro. E para quê? Até quando seria possível manter aquela situação, lutar contra os chamados ventos da história? Surgiam sinais de que se aproximava o fim.Também no plano da sua vida pessoal e familiar existia uma grande incerteza quando, a doispassos de casar, inicia umromance com uma quase desconhecida; quando se sente abandonado por todos; quando, no dia do casamento, finalmente, lê os sinais do destino interrogando-se sobre se estará perante um início ou em presença do princípio do fim.Esta é a dúvida que o atormentará no final do livro.