O Silêncio das Palavras

Fábio Nobre

Fábio Nobre

"As divisões prolongavam-se a cada novo passo do pai da Ana Teresa. A cozinha que nunca mais chegava, a porta da saída ou da entrada que teimava em fugir, o quintal matreiro que o fintava. A solidão expandia a casa ou encolhia o pai da Ana Teresa.
Era uma solidão a part-time porque ele sabia que a filha estava perto, mas era uma solidão sufocante porque nascia dentro dele.
Ele já tinha começado a perceber que a velhice abranda o tempo, torna cada hora mais demorada, mas apressa o tempo, torna cada dia mais curto. E a sua era uma velhice sobretudo mental, porque o seu corpo ainda não acusava severamente os sinais de envelhecimento, estava na meia-idade: como se pode estar na meia-idade se nunca sabemos com que idade morremos?"

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