Os Espíritos Também Escrevem

José Alves Merello

José Alves Merello

Leo, um arquitecto paisagista dirigia o seu projecto, recuperando uma quinta abandonada e sombria perto de Coimbra. Esta fora recentemente adquirida por um homem abastado vindo do Brasil. Ali havia esconderijos e gente enigmática. Cruzar-se com alguém de comportamento compulsivo, e tráfico de diamantes não estava no seu horizonte.
A noite caía calma; alguém escavava uma campa. Da janela onde pernoitava assistia ao que se passava e decidiu certificar-se com os próprios olhos. A quem se destinava a campa aberta pela calada da noite, seria para Leo? Em seu auxílio começaram a surgir mensagens sem voz de quem ali tinha habitado noutros tempos; chegavam misteriosamente em forma de tinta derramada.
Elisa, sua assistente, relatava o que diziam os aldeões das proximidades.
“- Sabe que correm boatos de que a herdade é assombrada e tem um fantasma residente? – Disse sorrindo, com ar duvidoso.
- Sim, sim. Com o espaço que aqui tem, dificilmente nos encontraremos com ele e não precisa de nos importunar!
- Ela!... Dizem que é o de uma moça escritora, que veste de branco e tem uma pena sempre na mão. A Etelvina contou-me em segredo. – Riu-se prosseguindo – Chama-lhe a “Escrivona”. Diz que até já a pressentiu na capela…
- Decerto não acabou de escrever o que pretendia…que pena!... Elisa, não me diga que uma rapariga instruída como você, também acredita nisso?!
- “Que las hay, hay!...”
- Pois para mim, só há ai, quando se cai! – Ria-se desdenhando.”
Também havia os olhares provocadores de Miriam que diziam tudo…
Palavras para quê?...

Utilizamos cookies próprios e de terceiros para lhe oferecer uma melhor experiência e serviço.
Para saber que cookies usamos e como os desativar, leia a política de cookies. Ao ignorar ou fechar esta mensagem, e exceto se tiver desativado as cookies, está a concordar com o seu uso neste dispositivo.