Descobri que a melhor maneira de começar a escrever uma primeira obra de ficção é não ter plano algum. Melhor. Estava irritado porque outro algo não me estava a correr bem. No caso, concluir um Chorus de Harmónica para submeter à apreciação do Mestre. Desisti, abri uma aplicação de texto, comecei a escrever o que me ocorreu. No dia seguinte olhei para aquilo. Decidi continuar. E, surpreendentemente, as ideias começaram a fluir. Aos poucos a Obra começou a formar-se em Potência. Aos poucos fui escrevendo. Já nem conseguia fugir da forma inicial. Da estética que me saiu sem decisão prévia. Para o conteúdo socorri-me de mim, e de todas e todos os que conheci. De acontecimentos. De pensamentos. Do património que todos temos. A nossa vida. Algumas situações são reais, mas adaptadas. Todas as personagens fictícias são misturas de muitas e muitos. Pessoas autênticas. Puxei pela memória. Recreei ou reescrevi. O vivido, o visto, o sentido, o escutado. Para alguns pormenores falei com outras e outros. Dei uma espreitadela a alguns livros já lidos. Investiguei alguma coisa. Não muita. Assim sendo, é uma obra de absoluta ficção. Qualquer semelhança com pessoas, lugares, acontecimentos, é pura coincidência. Mas não para mim. Nunca estive preso, mas conheci muitos... Vagueei por zonas misteriosas, ocultas e desconhecidas porque me apeteceu. Não posso? Posso pois!
O significado de tudo isto é… o sentido de toda a obra é…
O que aprendi: É bom escrever. Mesmo que no fim olhe para o conjunto e chegue à conclusão que não sou um Escritor. Mas talvez seja a mais completa forma de criação. Escrever é, pode ser, aqui e ali, um tormento. Agora estou mais apto para mensurar o valorincomensurável daqueles que são verdadeiros Escritores. Se já os admirava, agora venero-os. Depois desta minha aventura como Aprendiz de Feiticeiro, o deleite de ler os Feiticeiros vai certamente ser mais completo.
Perdoem-me o calão ou as palavras obscenas. Mas, como fugir de algo que faz parte da comunicação? Não de todos, obviamente. Da minha, certamente.