Um cidadão exemplar como o Dr. Asdrúbal Índio depressa alcança o cume social onde, a vida faustosa, assenta no menosprezo para com as aspirações dos munícipes.
A carreira frutuosa do “Senhor Presidente” tornou-se possível, pelo círculo geoestratégico e humano em que lançou a âncora, pela conjugação de raros factores. Assim, no vetusto concelho do Castanhal, o cuco ainda amadura as cerejas e os lobisomens pregam sustos, em vésperas de eleições, bruxas e cartomantes amontoam fortunas mirabolantes e apregoam a existência de ouriços carregadinhos de Euros, nos soutos protegidos pelo Município.
Tudo isto seria obviamente impensável no território de uma autarquia, empenhada no progresso e harmonia das suas gentes, pessoas lúcidas, esclarecidas que dão o contributo possível para o bem-estar comum.
É esta a leitura que eu faço do “Senhor Presidente”, este livro de Gabriel Raimundo que nos proporciona nova brisa, na ficção. Um sopro de inquietude pelas dificuldades à nossa volta, porém aqui suavizadas pelo humor e boa disposição do autor.
Margarida Luna de Carvalho
Presidente da Junta de Freguesias de Charneca de Caparica e Sobreda