Após certificar-me do que realmente tinha acontecido, deitei-me na cama, totalmente abatido psicologicamente, e tentei reconstruir mentalmente o incidente e a coragem. Todo o meu corpo tremia, como que acometido por um ataque de malária, mas eu tinha consciência de que era medo. Um rocket, inexplicavelmente lançado para o centro da cidade, sem nenhum alvo predeterminado ou outro motivo além de aterrorizar, por coincidência atingiu o prédio onde eu morava e destruiu um apartamento desocupado no segundo andar, imediatamente acima daquele que eu ocupava. Este não era o primeiro nem seria o último acto de terror de que eu tomara conhecimento, pois já ouvira relatos sobre este tipo de violência, cuja única finalidade era aumentar o terror entre a população civil. Ao ouvir o som característico da aproximação da ogiva, porque a porta estava aberta, lancei-me instintivamente para o interior da casa de banho, por ter tido a sensação de que o alvo era o meu apartamento. Bati violentamente com o queixo na pia, o que me provocou um estado inicial de semi-inconsciência. Os gritos que eu ouvira eram provenientes das casas vizinhas, devido à preocupação das mães com as crianças que se encontravam no passeio. Os vidros arrancados das janelas do apartamento atingido e, provavelmente, também os das outras casas adjacentes, quebravam-se no impacto com a calçada.