Afinal há sonhos em Cuba

David João Almeida

David João Almeida

Nascendo e vivendo numa Havana envelhecida, Luna destaca-se por ser uma adolescente como as outras mas com um dom que a distinguia das restantes: cantava como Omara Portuondo.
Vive numa Cuba ainda agarrada às conquistas castristas e a sofrer as agruras de um bloqueio económico que penaliza o povo levando-o a situações de fome e de vidas que resvalam para meros exercícios de sobrevivência.

“...ver-te a cantar uma música sensual neste quente contraluz apenas me fez lembrar que devia fundar uma religião baseada na tua silhueta...”
... que vive as agruras de viver em Cuba...”
“Que futuro podia ter eu se juntasse o meu presente miserável ao seu, igualmente miserável, presente e futuro.”

Infelizmente, o regime com as suas desigualdades e as suas perseguições impede os normais de terem uma vida normal e impede que alguém consiga prever o dia seguinte...

“As tuas crises parece que estagnaram e que podes agora, num dia, prever o dia seguinte. Às vezes, penso no quanto isso seria bom para mim.”

Se há cidade que capta o romantismo para quem a visita e acentua o sofrimento de quem nela vive essa cidade é Havana. Luna é toda ela uma cidade em si: traz nela o romantismo da sua vida única e sofre como qualquer habitante sofre.

“Nenhuma cidade teria uma estrada tão bela na qual o mar beijava a lateral como que a querer abraçá-la e, ao mesmo tempo, a maltratava como se um casal desa- vindo fossem”
“Sempre achei que a minha vida tinha sido gerada para dar a Cuba a estrela que o país necessitava de idolatrar e não alguém cuja existência passaria despercebida ou mesmo ignorada no ciclo da história. Esses pensamentos correram-me pelo cérebro ao mesmo tempo que me chicoteavam de manhã competindo com as lágrimas que também elas me corriam pela face pelo simples facto de ter um corpo pouco ou nada habituado à dor e à profanação violenta do mesmo”

Amor, sofrimento, abismo, sexo, religião, dor, carinho, suicídio, fama, desânimo, imortalidade.

“There is a crack in everything, that’s how the light gets in” – Leonard Cohen

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