As águas escuras e sujas banham as velhas colunas do cais onde músicos anónimos dão seus grátis concertos para gente indiferente. Ali, ao lado dos velhos cacilheiros, deles só resta a memória, substituídos por modernas embarcações, rápidas, que regurgitam golfadas de gente anónima, prontamente injetadas da pressa que a todos a grande cidade contamina.
Onde pertencem afinal os homens? Será que por nascermos num lugar iremos sempre sentir esse lugar como a nossa terra? No fundo não somos donos de nada mas sim apenas inquilinos temporários dos lugares que conhecemos. As nossas raízes primárias são permanentemente condicionadas pelo rumo das nossas vidas, e da vida raramente somos timoneiros.
SE ESTA VIDA É FUGAZ PARTIDA
SOMOS APENAS POEIRA DOS TEMPOS
PASSAMOS SEM RASTO COMO VENTO
NUMA PROVA SEM FIM E SEM TRÉGUAS
ONDE SÓ O AMOR TEM FUNDAMENTO.