Ando pelo corredor até ao quarto e não sei o que pensar. Não faço ideia do estado em que ela está. Será que está muito ferida? Com muitos tubos? Como estará? Tenho centenas de cenários possíveis a vaguear pelo meu imaginário e nenhum deles é agradável. Percorrer este corredor é desconfortável. Extremamente desconfortável.
É uma coisa sinistra, não me atrevo sequer a espreitar pelas portas entreabertas. Chego à porta do quarto dela e páro. Não consigo entrar já. Respiro fundo e ponho a mão no puxador. Não consigo abrir, faltam-me as forças para isso. Está tudo demasiado pesado, tenho até dificuldade em inspirar, o ar parece-me demasiado espesso, demasiado denso.
Como vivemos quando estamos prestes a perder aqueles que mais amamos? Inês descobriu como, quando viu a sua melhor amiga às portas da morte e teve de lidar com isso. Inês descobriu também que há pessoas de que se deve desistir para não sofrer e outras que, não importa há quanto tempo entraram na nossa vida, devemos agarrar com todas as forças do nosso corpo e da nossa alma para que nunca nos escapem das mãos.
