Impressões Fotográficas de Escolas e Projeçtos Educativos Alternativos no Mundo: Fase Europa, 32 Projeçtos através de 14 países.
“E se, da escola não fizessem parte, necessariamente,
quatro paredes, mesas, cadeiras e janelas? E se, mesmo havendo
salas, não houvesse paredes entre as mesmas e estas
fossem aulas abertas sem divisões? E se, do currículo escolar
fizesse parte saltar na lama, construir casas nas árvores,
lanchar sentados em troncos de madeira, escutar contos dentro
de cabanas de ramos de árvores construídas pelas próprias
crianças ou brincar espontaneamente debaixo de céu livre? E se,
viver em comunidade dependesse do Autogoverno responsável
e sustentável dos seus habitantes, não necessariamente de leis
pré-estabelecidas? E se, pudéssemos fazer um trekking descalços
pela natureza, mesmo debaixo de chuva, percorrendo
diversas texturas sensoriais? E se, as crianças pudessem
escolher quando aprender e o que aprender, em grupos de
trabalho de meninos e meninas de idades diferentes? E se, não
houvesse livros nem testes na escola? E se, as crianças pudessem
“construir” os seus próprios livros de aprendizagem? E se,
aprender o alfabeto se pudesse fazer, escrevendo no ar? E se, as
crianças pudessem dormir ao ar livre no Jardim-de-Infância, na
hora de descanso? E se, brincar, independentemente das
condições do tempo, fosse possível sempre ao ar livre? E se,
pudéssemos desenhar o nosso currículo, na Universidade, de
acordo com os gostos pessoais, incluindo disciplinas como
desenvolvimento sustentável, liderança ou motivação intrínseca?
E se, a vida e a educação passassem a ser encaradas como
percursos de auto-educação constante em vez de processos de
avaliação quantitativa constante? E se, pudéssemos “hackear” a
escola? E se, pudéssemos “hackear” a vida ao estilo de uma
“pura vida”? E se, aprender matemática se pudesse fazer saltando
à corda ou tricotando com as mãos, sem agulhas? E se, a
Escola pudesse ser “Livre”? E se, o Yoga ou a meditação
Mindfulness fossem parte da escola? E se, a nossa casa pudesse
ser a nossa própria escola? E se, aprender se pudesse fazer,
viajando pelo Mundo?”
O Projecto Globetrotter pretendeu responder a estas
perguntas, através de uma viagem inicial de Interrail pela
Europa, recolhendo impressões fotográficas de 32 projectos
através de 14 países diferentes, sobre Projectos Educativos
Alternativos, como por exemplo: Jardins-de-Infância que se
desenvolvem inteiramente na floresta, que são os chamados
Waldkindergarten ou Forest Schools, com origem nos países
do Norte da Europa, como a Noruega, a Suécia, a Dinamarca, a
Finlândia e a Alemanha); Escolas e Jardins-de-Infância, assim
como outros projectos como os Camphills, a Pedagogia Sócio
Curativa, entre outros, que se desenvolvem na linha de orientação
Waldorf e Antroposófica; Escolas e Jardins-de-Infância
que se desenvolvem no âmbito da Pedagogia de Maria
Montessori; Ecovillages – Comunidades e Eco-aldeias que
promovem um estilo de vida sustentável e várias ofertas formativas
nesta área, como a Permacultura, a Agricultura Biodinâmica
e a Arquitectura Orgânica. Também outros, que revelaram
promover a criatividade e o respeito pelo desenvolvimento
integral do Ser Humano, assim como o respeito
pela Terra e pela Natureza e que fomentam, desta forma,
uma educação livre, sustentável e mais holística. Alguns
países participantes foram: a Noruega, a Suécia, a Finlândia,
a Dinamarca, o Luxemburgo, a Alemanha, a Áustria, a
Eslováquia, a Hungria, a Suíça, a França, Espanha e
Portugal. A importância deste livro, iniciado nos anos de
2006/2007, que começou a ser escrito como um pequeno
“Roadbook” ou típico “Diário de Bordo em Viagem” tendo
como referencia as vivências e os percursos pessoais
entre os anos de 2005 a 2007, enquadrando ainda,
algumas experiências e visitas mais recentes, revela-se na
possibilidade de cruzar contactos e oportunidades formativas,
para vós jovens, como eu, no sentido de poderem
participar em Programas de Mobilidade Internacional,
assim como também para pais e filhos, professores,
terapeutas e outros agentes educativos que daqui,
poderão ter acesso, ainda que indirecto, a alternativas
educativas a funcionar com eficácia e dedicação em
países tão diversos entre si e, na grande maioria, em
comunidades pequenas. Este trabalho, pretende também,
ser um “imput” de energia e de motivação, para os processos
de tomada de decisão, nos percursos de auto-educação
das pessoas e em consequência, para todos nos
empenharmos em ter como objectivo e compromisso
máximo de vida, sermos e vivermos a melhor “versão” de
nós mesmos, como parte integral da história e da biografia
do mundo e se possível, podermos contribuir e influir para
que se torne num lugar melhor, mais autêntico e mais feliz
do que aquele que encontrámos quando chegámos. O
projecto Globetrotter não pretende, desta forma, fazer uma
reflexão exaustiva sobre o estado da educação nos dias de
hoje ou uma avaliação tendenciosa sobre os diferentes
modelos, no entanto, sim, permitir que o leitor, possa
embarcar num processo de própria meditação e que,
através destas imagens, palavras e apresentação dos
projectos visitados, possa sentir o impulso de que
podemos ser donos da nossa própria educação e como
tal, poderemos ter um rol activo muito importante na
mudança e na criação de novas formas de desenvolvimento,
nas nossas próprias vidas como indivíduos e em
consequência, nos locais onde vivemos, na Natureza, na
Educação, na Economia, nas nossas famílias e nas
pessoas que amamos.